Admirar-se


Meus olhos percorrem toda a sua geografia

Neste instinto que me fascina a ser por ti levado

De muito longe e muito perto do coração selvagem

Destroço e recolho fragmentos de lembranças tuas

 

Eu sei, pode rir agora, quando deita aqui em mim

Que sinto suas risadas em ondas que me confortam e diz sim

Conduzindo-me ao início de tudo isso que se chama saudade

Perpétua imagem de uma fotografia que não consigo esquecer

 

Paro um instante dentro de mim e me acalmo

Respiro o ar ao meu redor que refaz meu bálsamo

De um tempo antigo quando nós dois éramos próximos

De um tempo ontem que ainda não se foi de repente

 

Mas eu sei que amar você é admirar-se do que foi

Do que foi não é, pois presente sempre será pra mim

Aqueles longos cabelos a tremular me faz amar como nunca

Aquilo que é você me dá a medida de não dizer quando isso muda

 

Sento-me no chão e choro como criança

Sento-me no destino e ele não me dá a devida confiança

Surge a coragem da juventude de novamente ver você aqui

Solidão que disfarça seu jeito na piedade que ela tem de mim

 

Um desespero se faz na noite e um silêncio me perturba

Loucura é a voz que ouço dentro de mim enquanto esse fantasma me assusta

Seu vulto, sua silhueta, surge na paixão da madrugada mais escura

Abraçando a mim, ao destilado sem fim, devaneio que mais uma vez me cura

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